Sonho da casa própria está cada vez mais distante do brasileiro
Num passeio por qualquer cidade brasileira nos deparamos a todo momento com placas de aluga-se ou vende-se a cada quarteirão. Caso você volte ao local dias depois, as placas continuam no mesmo lugar. Não há negócios sendo fechados. Depois de um período muito bom de vendas, o setor imobiliário sofre uma retração gigantesca.
Mas o sonho da casa própria continua sendo umas das prioridades do brasileiro. Não há quem não imagine e planeje comprar um imóvel.
O problema é que, além da crise que tem feito as pessoas ficarem com um pé atrás antes de fechar um negócio a longo prazo, o financiamento está cada vez mais difícil.
Todos os bancos, inclusive os públicos, adotaram critérios mais rigorosos. E, devido à escassez de recursos, muitos contratos têm sido cancelados ou adiados.
Uma das denúncias, inclusive, é de que os bancos públicos não têm liberado o dinheiro até mesmo para financiamentos já aprovados e contratos assinados. Isso contraria a lei.
Na semana passada, o governo anunciou a liberação de recursos do FGTS para o financiamento da casa própria. São R$ 20 bilhões. Um montante tímido diante da paralisia do setor, mas vamos esperar que ajude porque o quadro do setor imobiliário é desanimador. Nos últimos anos, foram perdidos mais de 310 mil empregados nessa área.
Também pudera. Grande parte dos recursos para o financiamento de imóveis vem da caderneta de poupança. E a conta não fecha. Nos últimos meses, os brasileiros estão sendo obrigados a recorrer ao dinheiro guardado para honrar as despesas do dia a dia. Somente em 2015, foram sacados R$ 54 bilhões, o pior resultado em 20 anos.
O reflexo no crédito imobiliário foi imediato. O valor liberado caiu de R$ 113 bilhões em 2014 para R$ 75 bilhões. E a estimativa para este ano é de algo em torno de R$ 50 a 60 bilhões.
Seria muito importante realmente que os recursos anunciados pelo governo dessem um gás neste mercado. Este é um setor muito relevante que, além de propiciar o sonho da casa própria, traz uma movimentação significativa na economia, com reflexo em outras áreas e uma geração de empregos importantes. Não podemos deixar o setor imobiliário abandonado como está.