O governo federal tenta agora dar agilidade à compra de vacinas. O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, colocou a imunização entre suas prioridades. Na semana passada, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que a vacinação é essencial também para a retomada da atividade econômica – o que temos dito desde sempre. Parece ter havido, felizmente, uma mudança de pensamento do governo.

Países da Europa e a China enfrentaram a pandemia em estágio à frente do Brasil. E tiveram de traçar estratégias para frear um vírus desconhecido, enquanto a ciência corria para desenvolver vacinas. Assim, o Brasil teve tempo, ainda que mínimo, para observar as iniciativas deles – o que deu certo e o que não deu – e planejar como o enfrentamento aqui seria feito. Sabedoria é aprender com a experiência alheia.

Mas não foi o que se viu. Primeiro, perdeu-se tempo negando a gravidade da pandemia e desacreditando as recomendações de autoridades para evitar a propagação da doença. Depois, apostou-se em tratamento precoce, sem eficácia comprovada, descartado mundo afora. E quando o Instituto Butantan e o governo de São Paulo resolveram investir na Coronavac, tentou-se descredibilizar a vacina.

O tempo foi passando. A Europa conseguiu aplacar a primeira onda, países iniciaram a vacinação ainda em dezembro, e já se falava em uma segunda onda. Aqui, o governo recusou oferta da Pfizer, ainda em setembro, e apostou todas as fichas em uma única vacina, a Oxford/AstraZeneca, enquanto o mundo garantia doses de vários laboratórios. Agora, nesta altura do campeonato, está difícil conseguir vacinas.

Dias atrás, o Ministério da Saúde admitiu que, sem a Coronavac e a Oxford/AstraZeneca, não teríamos praticamente nenhum vacinado. E, assim, enquanto batemos seguidos recordes de mortes, a vacinação segue lenta, quase parando. Apenas 4,91% dos brasileiros receberam a primeira dose e, neste ritmo, segundo a Fiocruz, só vamos ter toda a população brasileira imunizada em março de 2024.

Não fossem a sequência de erros, omissões e a falta de planejamento, a vacinação poderia estar mais avançada e mais brasileiros imunizados para enfrentar esta segunda onda. O leite já foi derramado. Resta, agora, correr contra o tempo.

No Congresso, temos feito a nossa parte. Nas duas últimas semanas aprovamos a Medida Provisória que agiliza a compra de vacinas; o projeto de lei, já sancionado, que autoriza a compra por Estados, municípios e iniciativa privada e também um crédito de R$ 2,5 bilhões para a adesão do Brasil ao consórcio internacional de vacinas Covax Facility, conduzido pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que irá fornecer 10,6 milhões de doses de vacinas ao Brasil.

O que todos os brasileiros esperam é agilidade. E também compaixão por parte das autoridades. Quem governa, tem que se colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro. Uma dor que é coletiva, sentida há um ano. E é sempre importante ressaltar que é preciso confiar na ciência, seguir as orientações das autoridades. Não é possível que aqueles que negam tudo isso estejam certos e o mundo inteiro, errado.