Fonte: Jornal Estado de Minas
Data de Publicação:  09/03/2013

Belo Horizonte terá o orgulho de ostentar a primeira e a última obra religiosa de Niemeyer

No último domingo, sete de abril, participei de emocionante e histórica missa concelebrada pelo núncio apostólico dom Giovanni D’Aniello, pelo arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, dom Walmor Oliveira de Azevedo, e pelos bispos auxiliares, em cerimônia de lançamento do início das obras de construção da Catedral Cristo Rei, que será a nova sede da Arquidiocese Metropolitana de Belo Horizonte.

À cerimônia esteve presente o governador Antonio Anastasia, que, em sintonia com o espírito do evento, referendou a importância do novo templo e aproveitou para formular publicamente convite ao papa Francisco para visitar o nosso estado, de profunda tradição católica.

Com capacidade para 10 mil pessoas, em 22 mil metros quadrados de construção, e com altura correspondente a um prédio de 40 andares, a nova catedral será o monumento da fé dos mineiros, uma estrutura completa, emoldurada por arquitetura moderna, de rara beleza e rico de significado, que servirá para a manifestação da fé e da espiritualidade e de espaço para o exercício da educação e da cultura.

Ressalvadas as incomparáveis dimensões e magnitude, a construção da Catedral Cristo Rei tem alguns pontos de semelhança com a construção de Brasília. Ambas representam sonhos acalentados por longas décadas – Brasília, sucessivamente expressa nas Constituições de 1891, 1934 e 1946; Cristo Rei, planejada desde os tempos do primeiro arcebispo, dom Antônio Cabral, que aqui chegou em 1922, tendo como uma de suas missões a construção de uma catedral para Belo Horizonte.

A realização de ambos esses sonhos foi alvo de questionamentos surpreendentes e, também, de firmes posicionamentos de compromisso – Brasília, em 1955, quando Juscelino Kubitscheck discursava no interior de Goiás; Cristo Rei, em 2004, quando dom Walmor fazia uma de suas prédicas. Com a mesma consciência empreendedora e determinação de JK, dom Walmor não hesitou em afirmar que a nova catedral seria construída como previsto por dom Cabral.

Ambos os projetos são concepção de Oscar Niemeyer – Brasília, que se tornou ícone da arquitetura contemporânea; Cristo Rei, que se tornará, segundo premonição do próprio Niemeyer, o monumento religioso mais visitado de suas obras.

Sonho de quase um século, Cristo Rei tornou-se obra necessária para a Igreja Católica em Belo Horizonte e para a população em geral. Assim como a capital do país teve que se deslocar do litoral para o Planalto Central, a sede da Arquidiocese de Belo Horizonte, por questões de racionalidade administrativa e de mobilidade urbana, sai da Região Sul para o Norte de Belo Horizonte, mais precisamente para o Bairro Juliana, próximo a Venda Nova, o epicentro de sua circunscrição territorial, composta por 27 municípios.

Essa obra monumental tem a imprescindível coordenação de dom Walmor, pastor das ovelhas de Minas, de admirável simplicidade evangélica, cuja vida proclama a fé, o saber e a cultura, traços presentes, a encantar a todos, em seus artigos no Estado de Minas. O arcebispo tem a tarefa de fazer da catedral uma obra de todos e o caminho é a campanha “Faço parte”, que já vem contando com a simpatia e o apoio da comunidade. De forma transparente, todas as doações e gestões relacionadas com a obra são apresentadas na revista Faço Parte, que é o instrumento de divulgação e prestação de contas da obra.

Dom Walmor chamou a atenção para a importância da participação de todos nessa empreitada. Toda e qualquer contribuição é bem-vinda, mas ele realçou os gestos de grande significado dos mais humildes, como o de uma senhora pobre que, com grande sacrifício, doou uma lata de tinta em um ano e, agora, conseguiu economizar recursos para doar mais uma.

Cristo Rei é a última obra da produção religiosa de Niemeyer, assim como a Igrejinha da Pampulha foi a primeira e principal do início de sua carreira. Assim, Belo Horizonte vai poder orgulhosamente ostentar a primeira e a última obra religiosa de Niemeyer. Vamos rezar pela inspiração de Nossa Senhora da Piedade em prol dessa causa comum de todos os mineiros. Sob a liderança firme e serena de dom Walmor, contando com a fundamental solidariedade de nossa gente, somos todos convidados a contribuir, com gestos efetivos, para fazer desse sonho, acalentado por tanto tempo, uma realidade para os nossos filhos.

Rodrigo de Castro, deputado federal e secretário-geral do PSDB