Rodrigo de Castro repudia comparação de domésticas com objetos
Deputado federal Rodrigo de Castro repudia comparação de domésticas com objetos em questionário do Enem
Fonte: PSDB Na Câmara
Ano após ano, o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) tem sido marcado por falhas que vão desde questões mal elaboradas e problemas de impressão a furto das provas. Na edição de 2013, a polêmica começou com o questionário socioeconômico preenchido pelos candidatos no ato da inscrição. O formulário pede que o estudante marque os objetos que possui em casa e, entre as opções, lista o item “empregada mensalista”. A gafe ocorre dois meses após a promulgação da PEC das Domésticas, que garante direitos trabalhistas à categoria.
O deputado Rodrigo de Castro (MG) destaca que o país tem assistido a “erros gritantes no Enem” nos últimos anos e lembra que o exame é o principal processo seletivo para quem deseja entrar na universidade. Neste ano, mais de mais de 7,1 milhões de pessoas se inscreveram. “Para os jovens representa muito porque é praticamente a escolha de um futuro. O governo federal deveria ter mais organização e respeito com esses milhões de brasileiros”, alerta.
O tucano lembra que as falhas na organização são constantes, numa clara demonstração de pouco cuidado por parte dos órgãos responsáveis. O Ministério da Educação se limitou a divulgar nota de retratação dizendo que no próximo ano a questão considerada ofensiva às trabalhadoras domésticas será modificada. “O governo tem errado muito e seguidamente em relação ao Enem. Não adianta pedir desculpa, tem é que melhorar de fato e não cometer mais esses erros”, avalia.
Para o deputado, é lamentável que o órgão máximo da educação brasileira compare uma profissional com objetos. “Profissionais essas que tiveram inclusive a dignidade resgatada recentemente pelo Congresso Nacional com a nova lei. Tratá-las ou compará-las com objetos é um gesto de extrema infelicidade e merece todo o nosso repúdio”, disse.
O deputado Izalci (DF) também acredita que a organização do exame precisa ter “um cuidado maior”. “Esse caso das empregadas foi grave. Soou como discriminação”, lamentou, ao ressaltar que o Enem é hoje um verdadeiro vestibular. “Já que mexe com tanta gente, deveria ser tratado com muita atenção. Sem falar que até mesmo para os programas como o Prouni e o Fies o estudante precisa ser submetido ao exame”, ressalta.
Outros problemas marcaram o processo de inscrição deste ano, como o encerramento do cadastro antes da hora. Nas edições anteriores o histórico de problemas é longo. Em 2009 uma cópia da prova foi furtada por um funcionário da gráfica. Ele tentou vendê-la ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que denunciou o fato ao MEC. O exame foi cancelado e aplicado dois meses depois. Mais de 4 milhões de estudantes foram prejudicados.
Em 2010, houve erros graves de impressão, como diferenças entre o caderno de questões e o gabarito e perguntas ausentes ou duplicadas na prova amarela. A Justiça chegou a anular o Enem, mas instâncias superiores mantiveram o exame. Em 2011 foi a vez do vazamento de questões. Alunos de Fortaleza tiveram acesso a uma apostila com 14 perguntas idênticas às apresentadas na prova. Já em 2012, os estudantes tiveram dificuldades para acessar suas notas ao longo de dias após a realização das provas.
Reportagem: Djan Moreno/ Foto: Reprodução