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Fonte: Jornal Estado de Minas
Data de Publicação:  12/03/2013

O Brasil ainda está de luto com a tragédia de Santa Maria. Jamais esquecerá que 240 jovens, que buscavam diversão, perderam a vida dentro de uma boate. O episódio provocou imediata varredura nas casas de diversão do país, reacendendo as discussões, inclusive no Congresso, sobre segurança e prevenção contra incêndios.

Importante essa reação da sociedade, sobretudo se dela resultarem novas decisões e formas de controle para que não se banalize a vida, como vem acontecendo, em situação diversa, mas com gravidade e dimensão maior, na BR-381 que, a cada ano, gera uma tragédia igual à de Santa Maria.  Não mais dolorosa e impactante, porém mais grave, porque é a tragédia anunciada de cada ano, silenciosamente fracionada na desgraça de cada dia, ceifando igualmente jovens, crianças, pais de família, trabalhadores.

Indispensável à economia mineira, a BR-381 é o corredor da produção e do desenvolvimento entre a capital e as regiões do Jequitinhonha, Mucuri, Rio Doce, Vale do Aço, e parte da Zona da Mata; e a ligação de Minas com outros estados e o nordeste do Brasil. É uma rodovia de topografia montanhosa, com mais de 200 curvas apenas nos 100 km contíguos a Belo Horizonte; com uma engenharia de trânsito ultrapassada e intenso tráfego de caminhões; e que, em seus 60 anos de existência, nunca foi submetida a obra de modernização para minimizar seu traçado sinuoso e traiçoeiro.

O Brasil inteiro sabe que a BR-381 é a Rodovia da Morte e a que mais mata no país. Mas parece ter-se acostumado com isso, uma vez que a mortandade que nela ocorre não suscita, como nas tragédias inesperadas, a mesma comoção nacional e a mesma reação de indignação e de mudança. Até seu codinome já se banalizou, não traduzindo mais o significante o seu significado. No primeiro semestre de 2012, nela foram registrados 119 mortes e 2.342 feridos em 4.930 acidentes. Desses números assombrosos, que se repetem todo ano, ficam, além da dor do grupo familiar da vítima, apenas as estatísticas, sem grande impacto na sociedade ou repercussão proativa junto ao governo, nem mesmo para sensibilizá-lo a acelerar o processo de duplicação da rodovia, obra inserida, já há cinco anos, no Programa de Aceleração do Crescimento – PAC.

E por que essa obra não aconteceu até hoje? Por que não iniciou em 2008, como previsto? Por que o vaivém do governo em relação ao modelo: entendendo tocá-la ora por conta e risco da União ora mediante concessão à iniciativa privada? Por que cancelamentos somente às vésperas da abertura dos envelopes? Por que o governo faz tanta promessa vazia e tantos adiamentos? Em 2008, estava projetada a execução de 70% da obra até 2010, quando foi cancelada e anunciada a adoção de outro modelo. Aí marcou o seu início para o começo de 2011. Não cumpriu. A seguir, anunciou começá-la ainda em 2011. Também não cumpriu e a prometeu para o princípio de 2012. Novamente não cumpriu. Agora promete dar início até o final do semestre em curso.

Dez anos de governo do PT não foram suficientes para sequer dar início a essa obra, inserida no PAC, cuja “mãe” é Dilma Roussef. Sob a responsabilidade dela, como ministra forte de Lula, e agora como presidente da República, a duplicação da BR-381 não saiu do papel. Imagine se ela não fosse mineira e se não amasse Minas Gerais, como sempre diz!

Se tal atitude não configura descompromisso com o Brasil, ou absoluta má vontade com Minas Gerais, também não se pode chamá-la de outra coisa senão falta de planejamento, incompetência de gestão e despreparo dos quadros do governo para a execução dos projetos de que o Brasil precisa.

Ou o governo do PT também já se acostumou com a tragédia e não mais ouve mais os gritos dos acidentados da Rodovia da Morte e o choro das famílias por seus filhos que lá ficaram? É preciso transformar a BR-381 na rodovia da vida, por onde, sem pesadelo, se leva o progresso e bem-estar, por onde se faz integração com o nordeste, por onde se passa para conhecer parte do litoral brasileiro, por onde se leva a vida.

Rodrigo de Castro, deputado federal e secretário-geral do PSDB