Combate ao aedes aegypti precisa ir além das ações de puro marketing
Assistimos no final de semana passado a um verdadeiro show de marketing. A presidente Dilma escalou suas dezenas de ministros para irem às ruas numa ação de combate ao mosquito que tem assustado o Brasil e o mundo, com a transmissão da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya.
Como não classificar de puro marketing a ação, quando descobrimos que há cinco meses o Ministério da Saúde não envia aos estados kits para a detecção da dengue?
Quando ficamos sabendo que o número de visitadores sanitários, agentes que checam a existência de focos do mosquito nas residências, caiu pela metade em 2015?
E o que dizer da falta de estatísticas seguras a respeito das notificações de zika vírus? Os dados do Ministério da Saúde são totalmente discrepantes da realidade. Um especialista da PUC do Paraná chegou a dizer que seria melhor que esses dados oficiais nem sequer existissem.
Diante dessas notícias dos últimos dias, não há outra definição para o que vimos no sábado, além de propaganda.
O governo quer se aproveitar do fato de que, obviamente, o mosquito é um inimigo comum de todos os brasileiros e tentar ganhar popularidade para a presidente Dilma.
Mas na sua essência a ação foi completamente inútil. O combate ao mosquito não é mais uma questão de informação. Há décadas o brasileiro é informado sobre isso.
Precisamos avançar. Por que não temos ainda uma vacina contra a dengue? Temos tecnologia para isso e diversas frentes de estudo.
Sem falar nas nossas condições de saneamento básico que ainda são tristes.
Não podemos deixar que, mais uma vez, o governo brinque com o povo brasileiro em um assunto tão sério.
Vamos exigir que a questão seja tratada com responsabilidade e seriedade. Não vamos compactuar com o interesse do governo de promover sua popularidade sem focar no que realmente interessa, ou seja, na eliminação do mosquito, das doenças graves que ele provoca, nas mortes por negligência e irresponsabilidade e nas ações preventivas, como o avanço das pesquisas para a criação das vacinas.